PREVENÇÃO À DOENÇA NÃO É O MESMO QUE TRATAR A SAÚDE


Autor: Prof. Dr. Antônio Tavares Bueno Jr., Ph.D

Tratar a saúde é bem diferente de fazer prevenção à doença. Prevenção nem passa na minha cabeça. “Ah, vou fazer prevenção à doença”. Porque pensar assim faz você tomar a vacina, tomar medicamentos e outras ações que mascaram o fundamental, a qual é fazer boca e o nariz funcionar, sem falar que esses tipos de prevenções sempre têm efeitos colaterais indesejados. Você sabe quais os efeitos colaterais de uma vacina? Se tem efeito colateral não pode ser prevenção.

Veja outro exemplo grave: A campanha chamada Prevenção Outubro Rosa. Você acha que é prevenção as mulheres irem fazer a mamografia para saber se têm nódulo ou não? Se tiver nódulo, vai para o hospital, se não tiver, volta para casa. Isso não é prevenção! Isso é triagem das mulheres para um hospital do câncer, para um oncologista trabalhar, etc.

Tratar a saúde é fazer o indivíduo ter equilíbrio em todos os sistemas que compõem o corpo humano. Como ele foi projetado por Deus para funcionar. Afinal, somos feitos a imagem e semelhança de Deus exatamente por termos sido projetos para sermos equilibrados em todos os sentidos. Isso é saúde!

TIPOS DE MEDICINAS

Em essência costumo mencionar em meus cursos e palestras que temos duas medicinas: a medicina curativa, sendo isso que acabei de mostrar, e a Medicina Orofacial que é aquela que enxerga saúde, trabalha com a saúde. Ela tem sua base científica através das duas coisas que nós já apresentamos: Odontocrônicos© e Prêmio Nobel de 2019, que foca na inteligência celular. Isto é, a Medicina Orofacial trabalha para que as células, os tecidos e os órgãos fiquem inteligentes e consequentemente permaneçam saudáveis.

Uma pessoa com 40 anos e cabelo branco, está com suas células inteligentes? Cabelo branco temos que ter quando estivermos com 100 anos. E o objetivo é chegar aos 90, 100 anos sem tomar medicamentos. Isso só é possível se nossas células estiverem inteligentes.

Usar medicamentos na velhice é um desastre, pois os efeitos colaterais vão causar dificuldades e prejudicar grandemente a qualidade de vida. Então, proponho tratarmos a saúde para não precisar de medicamentos. Tenho 75 anos e não tomo nenhum medicamento. Nem minha família, pois tratamos a saúde há décadas. O que ensino aos outros, primeiro aplico em mim e na minha família.

Eliminando as disfunções o resultado é o equilíbrio. Disfunções por muito tempo levam às patologias. Por exemplo, uma deglutição atípica, que parece não afetar a vida da pessoa, mas, na verdade, ela causa inúmeras disfunções, como até mesmo a posição errada da coluna. Com o passar dos anos, isso resulta em dores na coluna e outros problemas graves. Veja bem, nós deglutimos cerca de 2000 a 2500 vezes por dia. Imagine fazer isso erradamente por décadas, como afetará nosso corpo?

O PAPEL DO CIRURGIÃO-DENTISTA E/OU MÉDICO-OROFACIAL

O que se observava na Odontologia do Século passado é análise do dente do paciente; e não no “porque” que estão acontecendo as doenças na boca do paciente. Por exemplo, quando um paciente chega no consultório do cirurgião-dentista e afirma que tem cárie, a pergunta que o profissional deve fazer é: “por que surgiu a doença cárie? Que disfunção levou o paciente a ter essa doença?” É preciso enxergar a boca como um padrão equilibrado, que dará ao dono do dente a saúde que ele precisa.

No meu conceito não existe “boca saudável”, “saúde oral”, “saúde bucal”, etc. Assim como não existe: “saúde do olho”, “saúde do nariz”, “saúde do pé”, “saúde da cabeça”. Não existe isso! Ou o indivíduo está em equilíbrio, ou não! Então, por que a Odontologia começou a falar muito em “saúde da boca”? Devido à grande indústria. O objetivo deles é fazer com que o Cirurgião-Dentista foque seu trabalho apenas no dente. A indústria do dente é muito poderosa no Brasil, assim como a indústria farmacêutica é poderosa também para a medicina curativa. Tratar só de dente não traz o equilíbrio. Um sorriso lindo não quer dizer saúde. A Odontologia do Século XXI e/ou Medicina Orofacial (a qual defendo) trabalha com o indivíduo na totalidade.

O indivíduo tem hormônio, tem pele, tem células, tem tecidos, tem órgãos, tem sistemas e todos eles estão sumamente ligados ao Sistema Respiratório e ao Sistema Digestório. Esses dois sistemas estão diretamente (aliás são os únicos) ligados ao Sistema Sanguíneo, sendo a estrada que leva tudo o que precisamos para as células. Então, na realidade, o Cirurgião-Dentista e/ou Médico Orofacial precisa ter um conhecimento da fisiologia humana; sobre o funcionamento do nariz, da boca, do sangue, do pulmão.

Veja como a Odontologia avançou muito na última década. Quando comecei na Odontologia, há 54 anos, o paciente entrava no consultório e dizia: “Dr., estou com dor nesse dente!” Sabe qual era o tratamento mais comum na época? Era extrair o dente! Como se o fato de tirar o dente (eliminar a dor do paciente) estava resolvido o problema! Desde aquela época eu nunca concordei com essa visão. Bastava observar como o paciente ficava. O resultado dessa visão é só observar os nossos pais e avós como estão.

No entanto, infelizmente, hoje se está valorizando mais a estética do que a função. Em vez de tirar, o “cirurgião-dentão” (como costumo identificar o profissional que só enxerga o dente) de hoje só pensa em deixar os dentes alinhados, bonitinhos, como se isso fosse saúde.

Quem é que está preocupado em tratar do dono do dente, dar saúde ao dono do dente? É a Odontologia do Século XXI, que é bem diferente da medicina curativa. Então, o que se deve fazer? Deixar nariz funcionando, boca funcionando e equilibrar os hormônios. Porque são os hormônios que vão dar atividade, dar vida às células, tecidos e órgãos, fazer com que a atividade diária seja normal — que tenha sono, que tenha trabalho, que tenha uma vida equilibrada.

É preciso que a sociedade perceba que o Cirurgião-Dentista trata o dono do dente. O “dentista” do Século passado trata do dente. Aliás, eu não sou dentista, nunca fui. Eu não recebi o título de dentista, mas sim de Cirurgião-Dentista: que trabalha com a Odontologia do Século XXI e/ou Medicina Orofacial que significa uma especialidade das Ciências Médicas. Se tenho uma especialidade das Ciências Médicas, eu preciso fazer com que o meu paciente tenha saúde, que esteja em equilíbrio.

O que estimula uma célula, tecido ou órgão a viver? Oxigênio e glicose, boca e nariz. Por isso é que falo: boca e nariz são os dois órgãos mais importantes do corpo humano, e está nas mãos de quem cuidar? A boca e o nariz não são da competência do Cirurgião-Dentista? Sim, claro que são!

O Cirurgião-Dentista e/ou Médico Orofacial vai ver como a boca funciona, e como o nariz funciona. Sim, um Médico Orofacial faz isso. A partir daí ele também vê se os hormônios estão equilibrados. Veja um exemplo: uma paciente minha, com sete anos, era diabética. Puxa, com sete anos e era diabética, tem alguma coisa muito errada! No entanto, nenhum médico pediu para ela exame de hormônio. Eu pedi os exames séricos e vi que o pâncreas dela não estava funcionando! Alguns hormônios que estimulam o pâncreas a desenvolver (ocitocina é um deles) estava totalmente desequilibrado. Ela não tinha praticamente nada de testosterona. Tinha só 0,2 de progesterona! Então, onde que trabalhei? Trabalhei nesses dois hormônios que foram estimular o pâncreas. Um ano e meio depois, ela não precisava mais de insulina! O pâncreas já começou a produzir a insulina dela. Olha que maravilha! Agora, pergunto, a medicina faz isso? Dificilmente.

Tanto o médico curativo, como os Cirurgiões-Dentistas e/ou Médicos Orofaciais tem, por lei, o direito de usar ministrar qualquer medicamento para poder salvar a vida de alguém, inclusive hormônios. A Medicina do Século XXI que falo, a Medicina Orofacial, trata do dono do dente. Por isso, que o Cirurgião-Dentista precisa entender muito de fisiologia. E o que é a fisiologia? É o corpo humano! Então, nós precisamos daquilo que falo sempre: estudar, estudar e estudar! É possível tratar a saúde desde que se conheça a fisiologia humana.

Por exemplo, quando um Cirurgião-Dentista e/ou Médico Orofacial for analisar a telerradiografia lateral de um paciente, ele também deve observar a posição da coluna. Mas, o Cirurgião-Dentista pode fazer isso? Sim, lembre-se, uma posição incorreta da coluna cervical pode ser resultado de uma deglutição atípica. E onde ocorre a deglutição atípica? Na boca. E qual é o profissional da saúde especializado nas funções da boca? O Cirurgião-Dentista e/ou Médico Orofacial. Por isso que eu não admito que me chamem de “dentista”. O dentista é o prático, que apenas tira dente. Sou Cirurgião-Dentista e/ou Médico Orofacial porque meu objetivo é tratar a saúde do dono do dente, e não de dente.

Se observar a telerradiografia lateral de um paciente que tem deglutição atípica e/ou é respirador bucal perceberá que ele terá desvio na posição da coluna cervical e o espaçamento entre as vértebras estará esmagado ou diminuído. Então, quando tratamos a deglutição atípica e/ou a respiração oral, a coluna cervical volta à posição correta. Isso é muito comum acontecer com meus pacientes. O importante, ao analisar a telerradiografia lateral, é olhar a posição da coluna cervical, não somente em relação à mandíbula, mas a posição em relação à epiglote. Porque essa posição errada afetará no espaçamento das vias aéreas, que pode levar ao fechamento com a compressão da epiglote.

Então, se há uma proximidade bem grande da coluna cervical com a epiglote, é porque o paciente tem disfunção. Com o tratamento Miofuncional, com os treinos e exercícios para corrigir a deglutição é possível corrigir esse quadro. Porque a coluna cervical só se curva desse jeito para tentar fazer uma abertura maior das vias aéreas superiores, para ter um conforto melhor na respiração. Então, é uma compensação do próprio organismo (compensação fisiológica involuntária do paciente) para que ele possa ter uma resposta, ou um fluxo de ar maior. Veja como a disfunção acaba por fim afetar outros órgãos do corpo, agora imagina como afetará todo o corpo a pessoa que fornece de 30 a 40% menos oxigênio às células por respirar pela boca, por décadas? Daí que surgem essa lista crescente de “doenças crônicas” como, hipertensão, diabete tipo 2, fibromialgia, TDAH, DTM, cefaleias, pneumopatias, para citar algumas.

O que é saúde? Não, não é a ausência de doenças, ou a ausência de sintomas. Isso é conceito da década 50 do Século passado, do tempo que o Getúlio Vargas era presidente do Brasil. É preciso entender que saúde é o equilíbrio de todas as funções do corpo. Você já viu um dente chegar sozinho no consultório do dentista? Eu nunca vi, e olha que eu já tive mais de 50 mil pacientes. O dente sempre vem com o dono do dente. Nunca sozinho. Então, o Cirurgião-Dentista não deve olhar só o dente ou só a boca do paciente. Ele tem que, por exemplo, na anamnese, saber como está o intestino do paciente, se está preso, se está solto ou se tem algum outro problema, porque desequilíbrio no sistema digestório começa na boca. E quem cuida da boca? Sim, o Cirurgião-Dentista e/ou Médico Orofacial.

E intestino constipado não produz os hormônios dopamina, melatonina e serotonina. Se não tem dopamina, o resultado pode ser depressão. E se não tem melatonina, o paciente não dorme. Se não dormir leva a um monte de outros problemas. Veja, tudo isso começou por uma disfunção na boca. Então, a raiz dessas doenças são as disfunções na boca. Por isso que pesquisas recentes indicam que 92% das doenças começam na boca e no nariz.

No entanto, é de suma importância entender que cada pessoa é um ponto final, como eu digo. Quer dizer, cada paciente é diferente do outro, assim como cada filho é diferente do outro. No comportamento, no desenvolvimento, nas doenças, na saúde, tudo é diferente. O próprio equilíbrio: você equilibra um paciente e não consegue equilibrar o outro, por quê? Porque não são o mesmo, não são todos iguais. Pensando em tudo isso, há 50 anos, comecei a desenvolver o que chamo de Filosofia Odontocrônicos.