SISTEMA NEUROENDÓCRINO


Autor: Prof. Dr. Antônio Tavares Bueno Jr., Ph.D

Se boca e nariz não funcionam, como os hormônios vão estar equilibrados? Logicamente que não estarão. Os hormônios são fabricados através das glândulas, como o fígado, por exemplo. Ele é um órgão que produzirá através do colesterol, a progesterona e a testosterona, dois dos hormônios mais importantes para nosso equilíbrio fisiológico.

Quem produz os hormônios são as glândulas. Elas não são órgãos? E órgãos não são feitos por células e tecidos? E essas células e tecidos não precisam de oxigênio (O), CO2 e óxido nítrico para funcionar? Elas não precisam de nutromentos e nutromedicamentos? Esses nutromentos não vão, através do processo do Ciclo de Krebs, virar a glicose, que as células precisam? É uma cadeia de produção que cada elo precisa que o outro esteja completamente pleno para trabalhar, caso contrário, surgirão as disfunções.

Portanto, se não estiver correta a função dos órgãos da boca (Glicose) e do nariz (Oxigênio, CO2 e Óxido Nítrico) aquelas glândulas que poderiam estar funcionando normalmente não vão estar, porque elas vão receber pouco oxigênio e pouca glicose. A falta de oxigênio (O2) e a falta de glicose faz com que células fiquem burras. Lembra?

Precisamos cerca de 300 hormônios para termos saúde. Eles são produzidos conforme as necessidades de nosso corpo. As células inteligentes saberão qual dos hormônios e a quantidade deles devem ser produzidos para equilibrar os sistemas do nosso corpo. No momento em que as células ficam burras, elas não conseguem dar o feedback correto para o resto do sistema e tudo começa a trabalhar disfuncionalmente. São aquelas pessoas que estão sempre cansadas, tem sono difícil, tem dificuldades de aprender, a memória falha muito, estão sempre tristes, ficam com o sistema imunológico fragilizados. E se as células ficam burras por muito tempo, o que era uma disfunção vira uma doença.

Nosso trabalho, como profissionais da saúde, é mostrar que as células, os tecidos e os órgãos precisam estar equilibrados para termos saúde. Você deve estar cansado de ler isso aqui, mas é preciso repetir muito. Porque os nossos pacientes não entendem que todo o nosso corpo é formado por células, tecidos e órgãos. E que para eles funcionarem bem e ter saúde é preciso que as células, os tecidos e os órgãos, trabalhem como foram projetados por Deus. Isto é, precisam estar inteligentes. Então, aí está resposta para tudo!

Os hormônios só vão estar bem, se o fígado estiver bem, se as glândulas que os produzem estiverem bem. Por exemplo, se o intestino está preso, ele provocará uma alteração na disbiose, provocará uma inflamação. Então, o intestino não funcionará como deveria. Se o intestino não funciona adequadamente, adianta eu colocar um alimento perfeito na boca? Tudo está interligado. A tireoide é importantíssima para o intestino funcionar. Se a tireoide não estiver funcionando, o intestino também não estará. Veja que, se no início de qualquer processo não estiver correto, funcionando adequadamente, vai se ter uma sequência dessas reações químicas alteradas, que leva às patologias.

Hormonologia — o que é?

É o estudo dos hormônios. Os hormônios são fundamentais para a vida, para a qualidade de vida das pessoas. De forma geral, nós temos cerca de 300 hormônios circulando pelo corpo, mas os níveis adequados de cada hormônio, dependerá de cada pessoa. Então, apesar de todas as pesquisas que existem hoje, uma literatura científica vasta, resultados clínicos comprovados, anos de prática na Odontologia e/ou Medicina Orofacial, inclusive com eficácia das terapias hormonais, ainda existem pessoas com grande preconceito em relação a essa abordagem de hormônios na Odontologia.

O hormônio é um mensageiro químico que governa a fisiologia humana. Toda fisiologia humana depende realmente dos hormônios, desses mensageiros químicos. Atualmente é de suma importância falarmos dos hormônios e da fisiologia humana. Eles são os estímulos que nos permitem realizar atividades cotidianas, que moldam nossa identidade, o nosso estado de espírito. Podemos afirmar tranquilamente que o ser humano é feito de hormônios. Vários autores falam sobre isso. Como eu já li várias vezes, o corpo humano em desequilíbrio hormonal é comparado a um carro que está com gasolina fraudada, um carro que não anda ou que anda um pouquinho e para, anda um pouquinho e para. Isso quer dizer que ele até pode chegar no objetivo dele, mas com muita dificuldade. Então, o colapso do corpo humano, o colapso da saúde, inicia no desequilíbrio de uma célula, de um tecido e de um órgão, e no desequilíbrio hormonal.

Existem vários paradigmas que precisamos esclarecer. Por exemplo, profissionais que trabalham com hormônios vão defender que “tudo se resolve com hormônios”. Há outros que falam que se não tiver doença está saudável. Outros que dizem que se comer alimento saudável você fica saudável. Nada disso é totalmente verdade. Você viu até aqui que o nosso corpo é formado por células, tecidos e órgãos. E esses componentes para ter energia — para ter vida — precisam de oxigênio (O2), CO2 e óxido nítrico, nutromentos, nutromedicamentos e hormônios. E onde tudo isso começa? Na boca e nariz. Se eu não tiver um nariz em condição funcional não terei um pulmão saudável, afinal, lágrima que está na cavidade nasal umedecerá o ar que entra, que por sua vez, leva as imunoglobulinas IgE e IgG (contidas na lágrima) para o pulmão.

O mesmo ocorre com a boca. Se não tiver saliva com todas as enzimas e elementos necessários para iniciar o processo metabólico dos alimentos terei sérios problemas de saúde.

Na Odontologia se fala muito pouco sobre hormônios. É preciso que a Odontologia estude e recorra aos hormônios bioidênticos nanoestruturados. Está aí a justificativa da importância de o cirurgião-dentista conhecer o funcionamento hormonal do corpo. Um problema bastante complicado é o hipotireoidismo — sendo uma desordem endócrina caracterizada pela disfunção da glândula tireoide, que não produz hormônio tiroidiano em níveis adequados. Com esse problema já instalado começa a ter o quê? Manifestações na boca. Porque o hipotireoidismo causa uma alteração das glândulas parótidas (salivares) e o resultado é ter menos saliva na boca. Indicação de que pode haver problema.

Quem tem problema de tireoide engorda, tem problemas de peso, por quê? Porque o hipotireoidismo altera a produção de saliva, isto é, não terá saliva suficiente para transformar os alimentos em nutromentos e nutromedicamentos. Um metabolismo alterado dessa forma não vai me proporcionar todas as condições necessárias de nutrientes que minhas células, tecidos e órgãos precisam.

O cirurgião-dentista pode e deve ter esse conhecimento das disfunções endócrinas para corrigir esse processo (juntamente com um médico, se precisar) para dar uma conduta das alterações bucais para o médico, para que se possa corrigir o processo metabólico.

O problema é que o cirurgião-dentista não conhece os hormônios e encaminha para outros profissionais da saúde, que terá outra visão do que é tratar da doença e não corrigir disfunções. Por exemplo, se o paciente for encaminhado a um nutricionista, ele recomendará uma dieta, no entanto, por mais perfeita que seja essa dieta, não terá nenhum resultado se a boca não funcionar, não começar o processo metabólico correto.

Todo cirurgião-dentista que tiver um paciente com mais de 35 anos, deve solicitar exames séricos, para ver se há alguma alteração endócrina de hipotireoidismo, por exemplo. Depois, com o resultado em mãos, providenciar um planejamento para equilibrar os hormônios, que por ventura estivem desequilibrados. Além disso, todo paciente que tem hipotireoidismo tem que ser tratado com o Sistema Myobrace, porque esse sistema estimula a formação de saliva nas glândulas, resultante no bom funcionamento do intestino e na produção de hormônios que afetarão o funcionamento de todo o corpo.

Os hormônios possibilitam fazer a homeostase interna das células, para promover o equilíbrio que chamamos de saúde. Então, o hormônio é fundamental na vida. Ele coloca umidade na célula — umidade entre as reações químicas — fazendo esse processo dentro da célula. O corpo humano não foi feito para produzir hormônio toda a vida. Deve-se ficar atento para quando esses hormônios começarem a ter um declínio. Já se sabe que entre as mulheres esse processo começa entre 30–35 anos e entre os homens 40–45 anos. Com a queda de hormônios, as células começam a ter sérias dificuldades para o bom funcionamento. O problema é que a medicina tenta compensar isso por recomendar medicamentos para tratar os sintomas dessa queda. Por isso, que hoje praticamente não existem pessoas com mais de 50, 60 anos que não recorram a medicamentos. Se perguntar numa roda de idosos se tomam medicamentos, todos vão responder que sim. E é justamente o contrário disso que desejamos, isto é, envelhecer sem uso de medicamentos.